Participar da conferência New Directions LATAM 2023 foi uma experiência agradável. Este evento é o principal congresso de testes e avaliação de idiomas do British Council. Assistir às discussões sobre como tecnologia, inteligência artificial e diversidade estão sendo levadas em consideração quando se trata de avaliação foi muito interessante. Uma palestra que me chamou a atenção, no entanto, foi a sessão “A paisagem em mudança dos programas ministrados em inglês” com Fiona Mason e Ashleigh Bodell. Foi uma breve discussão sobre as mudanças que estão acontecendo ao redor do mundo quando o assunto é internacionalização do ensino superior.
A primeira grande mudança neste novo cenário global é que os “Big Four” (Austrália, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos) já foram os principais destinos de estudo, mas hoje em dia muitos países que não têm o inglês como L1 começaram a oferecer programas de ensino de inglês (ETPs) de graduação e pós-graduação com um número crescente de alunos. No entanto, isso não é verdade para a América Latina. Na América Latina, foram encontrados apenas 494 ETPs, contra 3.389 somente na China e 17.562 em toda a Europa. A pesquisa descobriu que o Brasil tinha apenas 5 ETPs em maio de 2021.
Há muitas oportunidades nas áreas de educação, ciências naturais, matemática, medicina e saúde, ciências aplicadas e tantas outras! É muito interessante olhar para esse cenário, principalmente quando sabemos que os interesses por cursos de graduação e pós-graduação estão mudando dos Big Four para os países não anglófonos. Bodell e Mason ainda mencionaram como a internacionalização desses programas ajuda na economia local e acaba sendo um dos aspectos que atraem investidores.
Minha mente comunista, porém, começou a pensar no Brasil e como isso funcionaria por aqui. Em algum momento, até questionei os dois palestrantes sobre se a oferta de ETPs seria de alguma forma capaz de acomodar alunos que tiveram pouco ou nenhum acesso ao ensino formal de inglês. Mas acho que se acontecer no Brasil, vai ficar muito restrito ao setor privado como sempre aconteceu com o inglês por aqui.
Em suma, esta sessão me fez pensar em como os alunos podem em breve começar a procurar mais cursos preparatórios para determinados exames com essa mudança em andamento. Também torna ainda mais necessário o uso de materiais autênticos que permitam aos alunos vivenciar o inglês em um contexto mais internacional, com pessoas falando sobre e em países como Malásia, África do Sul ou mesmo Emirados Árabes Unidos. Adoraria ver o inglês universalizado no Brasil para que todos os alunos, de norte a sul, tivessem a chance de acessar cursos dessa nova tendência educacional.
Anico é professora de inglês, redatora de materiais e consultora acadêmica na Troika. Ela possui o Cambridge ICELT e está no ELT há 10 anos, trabalhando principalmente com ensino e redação de materiais. Além disso, ela ensinou mais de 15 grupos de cursos PREP para os exames IELTS e Cambridge, incluindo B2 First e C1 Advanced. Ela costuma falar sobre questões relacionadas à representação, gênero e diversidade para promover a equidade social com foco na vida de indivíduos trans.
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