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Impactos da pandemia e ressignificação do papel da escola: novos olhares para a construção do aluno

“A pandemia vai alterar os nossos livros de história. Inclusive, ela vai mudar a datação de quando começa o século 21. Na minha opinião, o século 21 começa nesta pandemia”, declarou a historiadora Lilia Schwarcz à CNN Brasil, em reportagem de julho de 2020. Sem dúvida, o ano de 2020 pode ser considerado um marco global na história da humanidade, na medida em que a pandemia escancarou desigualdades sociais, econômicas e educacionais em todos os países do mundo. E não apenas essas desigualdades, mas desigualdades de caráter, ética e valores. Ninguém foi poupado.


Considerar a pandemia como porta de entrada para o século XXI exige de nós ações que abarquem todos os impactos resultantes desse caos global para assegurarmos a sobrevivência do planeta. E é claro, a nossa sobrevivência.


Sob essa perspectiva, o Fórum Econômico Mundial publicou o Relatório de Riscos Globais de 2021, cujo tema é “Crucial Year to Rebuild Trust, ou seja, 2021 é colocado como crucial para reconstrução da confiança. O Relatório destaca a urgência de aumentarmos a cooperação global para a promoção de soluções inovadoras capazes de conter a pandemia (essa e as futuras) e impulsionar uma recuperação robusta da sociedade em todos os aspectos. Para tal, é necessário pensar o indivíduo do século XXI como alguém que seja capaz de se adaptar aos novos cenários, de dialogar para buscar soluções, de compreender o valor do conceito de resiliência, aliás uma das palavras mais recorrentes no documento; enfim, o sujeito desse século deve ser flexível, criativo e inovador.


Diante do desafio existencial que enfrentamos, é urgente ressignificar a escola para conectar o currículo às novas demandas ambientais, sociais e econômicas. Dentro desse contexto, a escola que conhecemos não é mais suficiente para a formação desse aluno. É preciso desenvolver um ensino dentro da tríade proposta pelo Projeto Towards Global Learning Goals: “Head, Hand and Heart”, cujos objetivos abrangem a criatividade, a adaptabilidade, cooperação e o desenvolvimento do caráter em uma atmosfera de coexistência desses valores em prol de um bem maior: a sobrevivência do planeta.


Não há mais espaço para a aula expositiva, para o professor “dono da verdade”; agora, ensinar implica abrir caminhos para novas possibilidades, e o professor assume um papel muito maior, o de mediador de aprendizagens. Insisto no conceito de escola-aldeia onde se aprende em rede, onde a colaboração é o pilar para o fortalecimento da comunidade escolar e onde o ensinar e aprender são atos libertadores e democráticos. Nas palavras de Paulo Freire: “Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas circunstâncias.”



REFERÊNCIAS:


PROJECT TOWARDS GLOBAL LEARNING GOALS: https://globallearninggoals.org/

Evento: Aliança pela escola. https://youtu.be/FMkj9T6YnLo; 12 de Setembro, 2020.

 

Carina Santana - Professora de Ed. Infantil e Ensino Fundamental desde 2006, em Escolas Internacionais e Bilíngues no Rio de Janeiro. Com graduação em Letras , e Especialização em Neurociências pela UFRJ, Educação Especial e Psicopedagogia, além de formação e experiência em ABBA para inclusão de crianças com necessidades especiais em contextos escolares. Atualmente, tem se dedicado à Especialização em Neuropsicologia pelo Instituto de Neurociências Aplicadas e pelo aprofundamento na área de Bilinguismo.Filiada à TESOL Int. Association desde 2020.

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